A denominação da Casa Maracanã deve-se ao nome da rua, localizada na
Lapa, em São Paulo (SP). Mas bem que a construção poderia chamar-se
“estrutura de morar”, segundo o proprietário e arquiteto Danilo Terra,
do escritório Terra e Tuma, que assina o projeto arquitetônico, ganhador
do prêmio Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura)
em 2012.
Sem qualquer “acabamento”, a casa emprega uma sustentação constituída de
paredes portantes (que apoiam a construção) de blocos de concreto e
laje maciça com 22 cm de espessura, vencendo vão de nove metros.
“Optamos por investir na estrutura”, diz Terra, que ali mora com a
família - esposa e dois filhos pequenos. “A gente nem percebe que não há
pintura nas paredes ou revestimento no piso”, afirma.
Com 185 m² construídos num terreno trapezoidal, medindo nove metros de
frente e outros 15 m e 17 m junto às divisas laterais, a casa atende a
um programa simples: são três pavimentos, distribuídos de acordo com as
necessidades da família e os desafios impostos por um desnível de três
metros.
Era uma casa... muito bem pensada
Assim, o pavimento inferior abriga os espaços sociais – estar, jantar, escritório e pequeno banheiro, além de cozinha e lavanderia. Um pé-direito de 5,15 m nesta área possibilitou a instalação de um mezanino no nível da calçada, onde estão a garagem e a entrada da casa. O andar superior, por sua vez, acomoda três dormitórios e um banheiro. “Preferimos que um único banheiro atendesse os quartos, reduzindo a mão-de-obra com limpeza”, esclarece o profissional.
Nada excede na Casa Maracanã. Há apenas o essencial. Ainda assim, os arquitetos afirmam não se tratar da liça de princípios relacionados a alguma escola, como a paulista, por exemplo. “Não temos a preocupação em identificar estilos ou escolas, como o brutalismo, Villanova Artigas ou Paulo Mendes da Rocha. O importante é que o espaço seja um suporte das situações”, explica Danilo Terra.
E a flexibilidade, principalmente dos ambientes sociais, foi busca incessante no projeto. Como na área social, onde o espaço permite que tudo aconteça: festas infantis e de adultos, reuniões de muitos ou poucos amigos e familiares, momentos mais íntimos etc.. Isso é possível principalmente pela (real) integração interior/exterior que possibilita a configuração de jardins nos fundos e na frente da casa, a presença de muitas plantas e a generosa entrada de luz natural. Os fechamentos se dão com grandes caixilhos envidraçados, dotando os ambientes da máxima transparência.
A fachada segue o mesmo conceito espartano dos espaços internos, exceção apenas para a empena solta suportada por tirantes de aço que recebeu painel de azulejos com desenho do artista mineiro Alexandre Mancini. Em preto e branco com pontos vermelhos, o trabalho representa uma retomada dos belíssimos painéis criados por Athos Bulcão para os edifícios de Brasília.
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